
Fotographia by Paulo Madeira in Olhares.com
"quero escrever
quero soltar estas palavras
tenho a mente inundada de pensamentos
estou lentamente a afogar-me em tormentos
digo para quem me pergunta
que não tenham preocupações
não vale a pena
não vale o esforço
sou egoísta
até nisto eu sei
não gosto de partilhar estes sentimentos
não gosto de dar a conhecer o meu lado obscuro
sou eu preso a um corpo inerte
que perde qualidades a cada dia que passa
começou a perder a sua vitalidade à 10 anos
continua a morrer aos poucos
sou escravo de miseráveis 24 horas
dias
semanas
meses
anos passam
mas consigo ainda ver
com toda a clareza e nitides
mesmo ao lado da criança que foi
os olhos de horror
que ninguem percebeu
o medo de morrer
que ninguem sentiu
os gritos de dor
que ninguem ainda hoje ouve
consigo evitar
mas sou humano
posso até tentar
mas é impossível por vezes controlar
recaídas que me recordam
horríveis pensamentos
que me fazem dobrar
ajoelhando-me no chão
sob o manto de luz da lua cheia
solto o medo
a tristesa
a mágoa
a raiva
e escrevo
porque simplesmente não o consigo dizer"
GZ
Lisboa, 29 de Março de 2008
quero soltar estas palavras
tenho a mente inundada de pensamentos
estou lentamente a afogar-me em tormentos
digo para quem me pergunta
que não tenham preocupações
não vale a pena
não vale o esforço
sou egoísta
até nisto eu sei
não gosto de partilhar estes sentimentos
não gosto de dar a conhecer o meu lado obscuro
sou eu preso a um corpo inerte
que perde qualidades a cada dia que passa
começou a perder a sua vitalidade à 10 anos
continua a morrer aos poucos
sou escravo de miseráveis 24 horas
dias
semanas
meses
anos passam
mas consigo ainda ver
com toda a clareza e nitides
mesmo ao lado da criança que foi
os olhos de horror
que ninguem percebeu
o medo de morrer
que ninguem sentiu
os gritos de dor
que ninguem ainda hoje ouve
consigo evitar
mas sou humano
posso até tentar
mas é impossível por vezes controlar
recaídas que me recordam
horríveis pensamentos
que me fazem dobrar
ajoelhando-me no chão
sob o manto de luz da lua cheia
solto o medo
a tristesa
a mágoa
a raiva
e escrevo
porque simplesmente não o consigo dizer"
GZ
Lisboa, 29 de Março de 2008
"O Farol sabe o que fazer, iluminando o caminho"
aminhasombra.blogspot.com
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4 comentários:
Parece-me que dizes muito mais do que pensas...as entrelinhas formam palavras encadeadas no escuro e à margem da pele da alma. Entende-se e partilha-se o mesmo sentimento...
Uma ODE fabulosa!
P.S. Miguel Torga tem coisas simplesmente deliciosas...já leste o seu poema intitulado "DILEMA"?
GZ.
É tocante o teu escrito!
E dizes escrevendo o que a tua garganta não solta...
Não sei exactamente o que sentes, mas consigo fazer uma pequena ideia, pois convivi de perto com o sofrimento do meu pai, também ele, vítima de uma doença incapacitante, que o foi tolhendo aos poucos.
O corpo vai morrendo, mas a lucidez conserva-se sempre inalteravel, o que faz com que o sofrimento seja ainda maior, pois dá-se conta de tudo, sem se poder mexer...
Um beijo grande para ti
é sempre um situação complicada de gerir, quer para quem sofre, quer para quem vê sofrer... felizmente no meu problema o pior já passou... agora digamos que tenho de ir tentando manter a cabeça no lugar e aguentar o barco... fiquei numa cadeira de rodas e recuperei agora tenho de garantir que n volto para lá... o que é sempre uma possíbilidade bem forte e presente...
um beijo e obrigado pelo coment
GZ
Fico feliz por te saber recuperado e com vontade de viver!
Esquece aquela cadeira...
Beijo grande
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